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terça-feira, 11 de outubro de 2011

TRABALHO DE EXÚ EM UMA "GIRA"

TRABALHO DE EXÚ
Estou num canto do terreiro observando os trabalhos. Os médiuns já
estão em posição, velas foram firmadas, todos já bateram cabeça. Os
pontos invadem o salão.
Na assistência pessoas que frequentam a casa com assiduidade e outras
que pisam pela primeira vez. Sinto que algumas estão visivelmente
emocionadas, seus protetores estão ali. Outras estão suando frio, passam
mal, estão agoniadas, afoitas para sairem dali.
Espíritos trevosos estão atuando sobre elas, querem sair dali o mais breve
possível, pois temem serem descobertos. Certamente serão afastados e não poderão perturbar aquelas pessoas.
A Mãe de Santo vibra com intensidade, na corrente um médium balança
a cabeça, parece que vai cair. Percebo que seu caboclo está por perto.
O médium ainda é novo, não está totalmente integrado com seu guia,
mas com paciência e amor, em breve estará incorporando seu caboclo.
Na corrente, muitos estão incorporados.
O caboclo chefe, toma a Mãe de Santo, com faz há décadas e brados de
guerra são ouvidos.
Na medida em que os irmãos da mata chegam, trazem forte energia
para todos. Unidos numa só força, eles, através dos passes, retiram da
assistência os eguns e kiumbas, limpam as pessoas estão perturbadas, e
transmitem força e esperança.
As pessoas que antes choravam, agora sorriem aliviadas. Dores são
aplacadas. Vejo que muitas daquelas pessoas em breve, estarão também
recebendo os seuis guias.
Embora esteja acostumado a ver essas cenas, sempre me emociono.
Daqui do meu canto, serenamente acompanho os trabalhos.

Repentinamente uma jovem da assistência, põe-se a vociferar. Sua voz
antes melodiosa e serena, torn-se grave e arrogante. Ela tenta agredir
os fiscais da casa, que habilmente a conduzem para dentro do terreiro.
Sem dúvida o kiumba que a acompanha é muito perigoso.
Os caboclos estão alertas, nem bem cruza a porteira, o kiumba grita,
xinga, tenta machucar a pobre moça, diante da mãe desesperada que
se encontra na assistência.
Os caboclos abrem a roda, os atabaques soam mais alto. O caboclo
chefe se adianta sobre ele, forte energia circula sobre o corpo da jovem
moça. O caboclo não quer que ela se machuque, ele vibra sua maracá
e o caboclo da menina pela primeira vez aproxima-se da filha com
força.
Chegou minha hora, me aproximo calmamente. O kiumba evita meu
olhar, se desespera. Sorrio e caminho em sua direção, preparo minhas
armas. Ele grita, esbraveja.
O caboclo pede meu apoio. Não me faço de rogado, para desepero do
kiumba, de um salto estou com minha espada em sua garganta.
Domino-o com facilidade. Chamo outros que o amarram e o levam para
seu devido lugar. Outros kiumbas menores que o acompanhavam,
também são capturados e receberão seus castigos.
A moça acorda leve e felíz. Os caboclos terminam o descarrego, agradecem meu auxílio.
Eu volto para o meu canto, ali na cafua observo o fim dos trabalhos.
Minhas velas, meus charutos, meu marafo estão firmados.
Os trabalhos terminam, todos se vão felizes.
E eu, na porteira, estou de sentinela...

LAROIÊ!!!
Fonte TEPJAB

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